Quedas na Terceira Idade: impactos e consequências - Parte I 

09-10-2020

O envelhecimento é um processo universal e a que todos nós estamos sujeitos, no entanto, o modo como cada um de nós o vai vivenciar pode ser distinto. 

São várias as definições de envelhecimento existentes na literatura, no entanto alguns autores definem o envelhecimento tendo em conta a idade, e consideram o indivíduo idoso a partir dos 60 ou 65 anos, tendo em conta o país (Hayek, et al., 2016). Em Portugal um indivíduo é considerado idoso a partir dos 65 anos de idade.

O envelhecimento é um processo progressivo e multifatorial, no entanto é uma experiência que deve ser vivida de uma forma positiva e de forma bem-sucedida, não esquecendo que é diferente de indivíduo para indivíduo, podendo assim ser uma etapa vivenciada com mais ou menos qualidade de vida (Vale, Bierhals, Aires, & Paskulin, 2015).

Com o envelhecimento surgem diversas alterações a vários níveis (físico, sensorial, cognitivo) e como tal, há uma diminuição da eficiência do indivíduo e da sua capacidade de resiliência e, como consequência, verifica-se um aumento do risco de quedas e de lesões (Cunha & Pinheiro, 2016). As quedas têm um grande impacto na vida do idoso uma vez que são um dos principais motivos de hospitalização nesta população e uma das principais causas de morbilidade e morte.

A queda pode ser definida como uma "síndrome geriátrica por apresentar alta prevalência em idosos, promover alterações na sua funcionalidade global, altos índices de morbimortalidade e institucionalização" (Gaspar, et al.,2017). É uma problemática cada vez mais frequente a partir dos 65 anos de idade e afeta a saúde do idoso, tanto numa perspetiva física como psicológica, uma vez que pode desencadear problemáticas como a depressão, isolamento social, baixa autoestima, entre outras problemáticas. Uma queda pode levar a múltiplas alterações na vida do idoso e da sua família uma vez que este tende a ficar mais dependente. O aumento de dependência obriga a que o idoso necessite de um cuidador e/ou de ser institucionalizado (Gaspar, et al.,2017).

A queda tem origem multifatorial e ocorre quando a estabilidade do indivíduo é comprometida uma vez que o equilíbrio e o controlo postural do indivíduo são afetados. (Azevedo, Sampaio, & Brêtas, 2018)..

Há alguns fatores que tendem a ser associados à prevenção do risco de queda, como é o caso de (Gaspar, et al.,2017).:

  • Idade;
  • Sexo;
  • Escolaridade;
  • Nível socioeconómico;
  • Estrutura familiar;
  • Condição de saúde;
  • Alterações cognitivas;
  • Mobilidade;
  • Presença de humor depressivo;
  • Experiência anterior com a queda e conhecimento sobre a mesma.

Associado ao envelhecimento estão patologias como a osteoporose e a sarcopenia. 

A osteoporose caracteriza-se pela redução progressiva da massa/densidade óssea e por modificações ao nível da arquitetura do tecido ósseo trabecular, causando assim, um estado de fragilidade óssea que aumenta a probabilidade de fratura (Lau & Adachi, 2011). A literatura refere que as mulheres são mais afetadas pela perda de massa óssea comparativamente aos homens, sendo que esta perda se acentua até 10 vezes mais após a menopausa (Boskey & Coleman, 2010). Em relação à sarcopenia, esta pode ser definida como uma síndrome geriátrica caracterizada pela diminuição global e progressiva da massa e força muscular, o que compromete a funcionalidade do idoso (Diz, Queiroz, Tavares, & Pereira, 2015) e minimiza o seu desempenho físico (Martinez, Camelier, & Camelier, 2014). Ambas as patologias podem levar ao aumento da incidência de quedas em idosos, tendo como consequências ferimentos, traumas, fraturas, inatividade, hospitalizações ou mesmo a morte (Valentim, Carrapeiro, & Gurgel, 2016) como já referido.

Prevenção de Quedas

São múltiplos os estudos existentes que abordam a prevenção de quedas.  Vários autores defendem que a probabilidade de ocorrência de queda pode ser minimizada através de (Gaspar, et al.,2017):

  • suplementação com vitamina D;
  • alimentação equilibrada;
  • prática de EF;
  • organização ao nível do ambiente familiar;
  • evitar subir e/ou descer escadas;

  • caminhar de uma forma mais lenta;

  • utilizar material de apoio à marcha (bengalas, andarilhos e outros);

  • não consumir bebidas alcoólicas;

  • entre outros.

Agora....de que forma é que a psicomotricidade e o exercício físico podem contribuir para a prevenção e minimização do risco de queda? Estão curiosos? Irei abordar esta temática num próximo texto! 

Se quiseres saber mais sobre o assunto clica no botão abaixo:


Referências Bibliográficas:

Azevedo, M. L., Sampaio, H. F., & Brêtas, A. (jul-dez de 2018). Projeto Animar sem Quedas: sua contribuição para a prevenção de quedas em adultos e idosos e para a promoção de um envelhecimento . Interagir: Pensando a Extensão, pp. 1-10.

Cunha, P., & Pinheiro, L. C. (2016). O papel do exercício físico na prevenção das quedas nos idosos: uma revisão baseada na evidência. Revista Portuguesa de Medicina Geral Familiar , pp. 96-100.

Diz, J. B., Queiroz, B. Z., Tavares, L. B., & Pereira, L. S. (2015). Prevalência de sarcopenia em idosos: resultados de estudos transversais amplos em diferentes países. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 18(3), pp. 665-678. 

Gaspar, A. C., Azevedo, R. C., Reiners, A. A., Mendes, P. A., & Segri, N. J. (2017). Fatores associados às práticas preventivas de quedas em idosos. Escola Anna Nery, pp. 1-8. doi:10.5935/1414-8145.20170044

Hayek, Y., Sousa, E. S., Andrade, J. B., Silva, L. A., Freitas, R. C., & Reis, T. d. (julho de 2016). Os Benefícios do Exercício de Agachamento na Funcionalidade do Indivíduo na Terceira Idade. UniÍtalo em Pesquisa, pp. 55-71.

Lau, A. N., & Adachi, J. D. (2011). Bone Aging. Geriatric Rheumatology: A Comprehensive Approach, pp. 11-15. doi:10.1007/978-1-4419-5792-4_2,

Vale, D. B., Bierhals, C. C., Aires, M., & Paskulin, L. M. (out./dez. de 2015). O significado de envelhecimento saudável para pessoas idosas vinculadas a grupos educativos. Revista brasileira de geriatria e gerontologia, pp. 809-819..

Valentim, E. L., Carrapeiro, M. d., & Gurgel, D. C. (2016). Correlação entre consumo alimentar e prevalência de sarcopenia em idosos de duas cidades do Ceará. Nutrivisa - Revista de Nutrição e Vigilância em Saúde, 3(2).


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