Importância das Competências Socioemocionais no desenvolvimento das crianças

23-11-2021

Imagem retirada de: (pexels.com) 

As competências socioemocionais, tal como o nome indica, diz respeito às competências sociais e emocionais. Segundo Del Prette & Del Prette, (2001), as competências socioemocionais são os comportamentos que expressam sentimentos, atitudes, desejos, opiniões e direitos e que devem ser adaptados a cada situação. 

Englobam a capacidade de resolução de problemas e de reduzir a probabilidade de ocorrência de problemas futuros. Estas habilidades encontram-se dependentes umas das outras e são complementares. 

 Algumas delas são: 

✓ Autocontrolo; 

✓ Expressividade emocional; 

✓ Empatia; 

✓ Assertividade; 

✓ Capacidade de criar relações interpessoais (ex: amizade); 

✓ Entre outras.

As competências socioemocionais dizem respeito às habilidades que se formam através do desenvolvimento das relações afetivas e interpessoais, tendo sempre em conta o modo como o indivíduo perceciona, sente e nomeia a associação entre situações e comportamentos (Marin, Silva, Andrade, Bernardes, & Fava, 2017). 

Incluem o conhecimento, atitudes e habilidades inerentes tanto aos processos intra como interpessoais que estão relacionados com o comportamento pró-social (European Network for Social and Emocional Competence, 2018). Incluem habilidades colaborativas, de resolução de problemas, de comunicação, de tomada de decisão, gestão do stress, autoconfiança, e regulação emocional. 

Há vários modelos que abordam as competências socioemocionais, no entanto nós vamos referir o modelo SEL (Social and Emotional Learning), desenvolvido nos Estados Unidos da América (Marin et al., 2017). Segundo este modelo, há 5 habilidades a desenvolver tendo em conta a promoção das competências intrapessoais, interpessoais e cognitivas (Marin et al., 2017): 

Autoconsciência - reconhecer as suas próprias emoções, limitações e pontos fortes; 

Consciência Social - perceber as emoções do outro e aceitar sentimentos diferentes dos seus. Engloba empatia e preocupação pelo outro e lidar com a diferença e respeito pelas outras pessoas; 

Tomada de decisão responsável - Tomar decisões sem prejudicar o outro e de forma ética. Envolve identificar e refletir sobre os problemas. 

Relacionamento Interpessoal - Comprometer-se e cooperar de forma positiva com o outro, saber pedir e oferecer ajuda, saber manter e iniciar um diálogo, etc. 

Autorregulação - gerir as próprias emoções e comportamentos. Se estas competências não se encontrarem devidamente enquadradas e consolidadas, a construção da identidade de crianças e jovens e o desenvolvimento e manutenção de relações podem ser comprometidas (Cacioppo, 2002).

Para António Damásio, as emoções são essenciais no processo de interação e têm função social, sendo que é através delas que os indivíduos se adaptam e regulam a sua sobrevivência "orgânica e social" (Santos, 2007). Cada vez mais as competências socioemocionais têm sido foco de trabalho e objeto de estudo, uma vez que parece que têm um importante papel como fator protetor no desenvolvimento da criança e, consequentemente no seu bem-estar futuro (Denham & Burton, 2003). 

A literatura refere que baixos níveis de competências socioemocionais se encontram associados a comportamentos antissociais e, como consequência a um agravamento dos mesmos. Défices ao nível da autorregulação, nomeadamente na gestão das emoções e no comportamento pode desencadear dificuldades na expressão e interpretação de mensagens levando a experiências sociais negativas (Bornstein, Hahn, & Haynes, 2010; Calkins & Perry, 2016). Aprender deve incluir mais do que os aspetos cognitivos. Deve ter em conta os aspetos emocionais e sociais uma vez que, tais habilidades, permitem a melhoria do desempenho escolar das crianças e, futuramente do seu desempenho profissional enquanto adultos. As melhorias são, não só a nível escolar e/ou profissional mas também a nível familiar e outras relações (Abed, 2016). 

Para além de tudo o que já foi mencionado a verdade é que o mundo está em constante transformação e cada vez mais tecnológico. A evolução e a tecnologia são fantásticas e útil para mil e uma coisas, porém ao nível das competências sociais e emocionais pode, nem sempre, ser bem assim. Não é bem assim? Porquê? Vejamos exemplos do dia-a-dia...cada vez mais nos encontramos reféns das tecnologias, seja por causa das redes sociais, seja por causa de jogos, filmes, séries, etc. e, sem dúvida nenhuma que as crianças não são exceção! Quem é que nunca ouviu, por exemplo, uma criança dizer que não queria ir brincar para a rua porque queria ficar a jogar no tablet? Devido a toda esta era digital as relações com os outros podem ficar um pouco mais comprometidas dado que podem levar ao isolamento e, como consequência, menos interação com os outros. Como podem ver, por múltiplos motivos, é cada vez mais importante trabalhar com as crianças, adolescentes (e não só), a forma como se relacionam consigo próprias e com os outros (Abed, 2016).

No próximo artigo iremos abordar a importância da promoção de competências socioemocionais nas várias faixas etárias!


Referências Bibliográficas:

Del Prette, A., & Del Prette, Z. (2001). Psicologia das relações interpessoais: Vivências para o trabalho em grupo. Petrópolis: Vozes.

Marin, A., Silva, C., Andrade, E., Bernardes, J., & Fava, D. (2017). Competência socioemocional: conceitos e instrumentos associados. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, 13(2), 92-103.

Cacioppo, J. (2002). Neurociência social: Entender as peças fomenta a compreensão do todo e vice-versa. Psicólogo Americano, 57(11), 819-831. https://doi.org/10.1037/0003- 066X.57.11.819. 

Santos, F. (2007). As emoções nas interações e a aprendizagem sugnificativa. Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências (Belo Horizonte), 9. doi:10.1590/1983-21172007090202. 

Denham, S., & Burton, R. (2003). Social and emotional prevention and intervention programming for preschoolers. New Yor: Kluwer Academic/Plenum.

Abed, A. (2016). O desenvolvimento das habilidades socioemocionais como caminho para a aprendizagem e o sucesso escolar de alunos da educação básica. Construção psicopedagógica, 24(25), 8-27. 

Bornstein, M., Hahn, C., & Haynes, O. (2010). Social competence, externalizing, and internalizing behavioral adjustment from early childhood through early adolescence: developmental cascades. Development and psychopathology, 22(4), 717-735. doi:10.1017/S0954579410000416

 

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