Influência da atividade física na depressão
A depressão é uma perturbação mental cada vez mais prevalente a nível mundial. Esta perturbação afeta mais as mulheres em comparação com os homens e assume uma particular relevância entre os 50 e 60 anos, uma faixa etária que se caracteriza também pela idade de instalação da menopausa, período marcado por várias alterações a nível hormonal.
A atividade física engloba todos os comportamentos que envolvem movimento e resultam em gasto calórico. A prática de atividade física de uma forma regular promove inúmeros benefícios para a saúde, no entanto com o avançar da idade os níveis de atividade física praticados vão diminuindo. Adultos de meia idade e, particularmente as mulheres (idades compreendidas entre os 45 e os 64 anos), não são suficientemente ativas e tal acarreta problemas a vários níveis.
A literatura refere que indivíduos que praticam atividade física têm uma
melhor saúde mental e menor risco de desenvolver depressão bem como de reduzir a
prevalência de alterações de humor (tão característico em mulheres na menopausa (Dugan, Gabriel,
Lange-Maia, & Karvonen-Gutierrez, 2018).
Como já referido anteriormente a atividade física induz benefícios para a saúde, porém
o exercício físico (que se caracteriza por ser programado e estruturado), pode promover
melhorias ao nível da depressão e das alterações de humor superiores (Villaverde
Gutiérrez et al., 2012), uma vez que pode ser uma alternativa e/ou um complemento à
terapia farmacológica, dado que das terapias alternativas é aquele que tem demonstrado
melhores benefícios ao nível da melhoria da sintomatologia depressiva e depressão
(Gomes et al., 2019). As recomendações existentes para promover a saúde é realizar um
mínimo de 150 minutos com uma intensidade moderada ou 75 minutos com uma
intensidade vigorosa durante 3 a 5 dias por semana (Takahashi et al., 2019).
Após a análise de alguns artigos chegamos às seguintes conclusões: o exercício aeróbio como a caminhada, por exemplo, promove melhoria da sintomatologia depressiva e um aumento da autoestima. A caminhada promove o bem-estar psicológico, aumenta a perceção de satisfação da vida e, em mulheres na pós-menopausa ajuda a gerir os sintomas da menopausa (Hu et al., 2017). O exercício físico, como o Pilates, tem também efeitos positivos na melhoria da sintomatologia depressiva assim como em outros parâmetros, como na qualidade do sono, na ansiedade e fadiga (Aibar-Almazán et al., 2019). Um estudo que procurou implementar um programa controlado de exercício físico dirigido para mulheres pós-menopáusicas concluiu que este alivia os sintomas da depressão, tanto os sintomas graves como os moderados, sendo que a gravidade dos sintomas tende a diminuir de grave para moderada e de moderado para ausência de sintomas (Villaverde Gutiérrez et al., 2012). Segundo um estudo que procurou determinar a relação dose-resposta da intensidade do exercício agudo com as respostas de humor deprimido ao exercício em perturbações depressivas, o exercício reduz o humor deprimido 10 a 30 minutos após o exercício, no entanto esse efeito não é influenciado pela intensidade do exercício. O exercício agudo deve ser utilizado como uma ferramenta de gestão de sintomas de forma a melhorar o humor na depressão, sendo que até o exercício de intensidade leve é uma recomendação eficaz para a melhoria de depressão (Meyer et al., 2016). Um outro estudo que procurou estudar qual a influência do exercício físico como terapia, na saúde mental e física de pacientes com depressão grave obteve resultados que comprovam que em casos de depressão ligeira a moderada, o exercício físico tem um efeito que pode ser comparado ao dos medicamentos antidepressivos e à psicoterapia. Em relação à depressão grave o exercício pode ser uma terapia complementar às terapias tradicionais (Knapen et al., 2015).
A prática de atividade física melhora a saúde mental, aumenta a qualidade de vida e a autoestima. A atividade física pode ser uma alternativa e/ou um complemento às terapias farmacológicas dependendo da gravidade da depressão e tendo sempre em conta as recomendações dos profissionais de saúde da área.
Existe alguma controvérsia na literatura ao nível da intensidade, tipo de exercício e
frequência semanal indicadas e, nesse sentido, é essencial realizar mais estudos no âmbito
da influência da atividade física na redução da sintomatologia depressiva e depressão de forma a clarificar estas questões.
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Referências Bibliográficas:
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