Influência da atividade física na depressão

30-03-2021

A depressão é uma perturbação mental cada vez mais prevalente a nível mundial. Esta perturbação afeta mais as mulheres em comparação com os homens e assume uma particular relevância entre os  50 e 60 anos, uma faixa etária que se caracteriza também pela idade de instalação da menopausa, período marcado por várias alterações a nível hormonal.

A atividade física engloba todos os comportamentos que envolvem movimento e resultam em gasto calórico. A prática de atividade física de uma forma regular promove inúmeros benefícios para a saúde, no entanto com o avançar da idade os níveis de atividade física praticados vão diminuindo. Adultos de meia idade e, particularmente as mulheres (idades compreendidas entre os 45 e os 64 anos), não são suficientemente ativas e tal acarreta problemas a vários níveis. 

A literatura refere que indivíduos que praticam atividade física têm uma melhor saúde mental e menor risco de desenvolver depressão bem como de reduzir a prevalência de alterações de humor (tão característico em mulheres na menopausa (Dugan, Gabriel, Lange-Maia, & Karvonen-Gutierrez, 2018).  

Como já referido anteriormente a atividade física induz benefícios para a saúde, porém o exercício físico (que se caracteriza por ser programado e estruturado), pode promover melhorias ao nível da depressão e das alterações de humor superiores (Villaverde Gutiérrez et al., 2012), uma vez que pode ser uma alternativa e/ou um complemento à terapia farmacológica, dado que das terapias alternativas é aquele que tem demonstrado melhores benefícios ao nível da melhoria da sintomatologia depressiva e depressão (Gomes et al., 2019). As recomendações existentes para promover a saúde é realizar um mínimo de 150 minutos com uma intensidade moderada ou 75 minutos com uma intensidade vigorosa durante 3 a 5 dias por semana (Takahashi et al., 2019). 

Após a análise de alguns artigos chegamos às seguintes conclusões: o exercício aeróbio como a caminhada, por exemplo, promove melhoria da sintomatologia depressiva e um aumento da autoestima. A caminhada promove o bem-estar psicológico, aumenta a perceção de satisfação da vida e, em mulheres na pós-menopausa ajuda a gerir os sintomas da menopausa (Hu et al., 2017). O exercício físico, como o Pilates, tem também efeitos positivos na melhoria da sintomatologia depressiva assim como em outros parâmetros, como na qualidade do sono, na ansiedade e fadiga (Aibar-Almazán et al., 2019). Um estudo que procurou implementar um programa controlado de exercício físico dirigido para mulheres pós-menopáusicas concluiu que este alivia os sintomas da depressão, tanto os sintomas graves como os moderados, sendo que a gravidade dos sintomas tende a diminuir de grave para moderada e de moderado para ausência de sintomas (Villaverde Gutiérrez et al., 2012). Segundo um estudo que procurou determinar a relação dose-resposta da intensidade do exercício agudo com as respostas de humor deprimido ao exercício em perturbações depressivas, o exercício reduz o humor deprimido 10 a 30 minutos após o exercício, no entanto esse efeito não é influenciado pela intensidade do exercício. O exercício agudo deve ser utilizado como uma ferramenta de gestão de sintomas de forma a melhorar o humor na depressão, sendo que até o exercício de intensidade leve é uma recomendação eficaz para a melhoria de depressão (Meyer et al., 2016).  Um outro estudo que procurou estudar qual a influência do exercício físico como terapia, na saúde mental e física de pacientes com depressão grave obteve resultados que comprovam que em casos de depressão ligeira a moderada, o exercício físico tem um efeito que pode ser comparado ao dos medicamentos antidepressivos e à psicoterapia. Em relação à depressão grave o exercício pode ser uma terapia complementar às terapias tradicionais (Knapen et al., 2015).

A prática de atividade física melhora a saúde mental, aumenta a qualidade de vida e a autoestima. A atividade física pode ser uma alternativa e/ou um complemento às terapias farmacológicas dependendo da gravidade da depressão e tendo sempre em conta as recomendações dos profissionais de saúde da área. 

Existe alguma controvérsia na literatura ao nível da intensidade, tipo de exercício e frequência semanal indicadas e, nesse sentido, é essencial realizar mais estudos no âmbito da influência da atividade física na redução da sintomatologia depressiva e depressão de forma a clarificar estas questões.

Imagens retiradas de: www.pixabay.com/pt

Referências Bibliográficas:

Aibar-Almazán, A., Hita-Contreras, F., Cruz-Díaz, D., de la Torre-Cruz, M., Jiménez-García, J., & Martínez-Amat, A. (2019). Effects of Pilates training on sleep quality, anxiety, depression and fatigue in postmenopausal women: A randomized controlled trial. Maturitas, 124, 62-67. doi:https://doi.org/10.1016/j.maturitas.2019.03.019

Dugan, S., Gabriel, K., Lange-Maia, B., & Karvonen-Gutierrez, C. (2018). Physical activity and physical function: moving and aging. Obstretics and gynecology clinics of north america, 45(4), 723-736. doi:10.1016/j.ogc.2018.07.009

Takahashi, M., Lim, P., Tsubosaka, M., Kim, H., Miyashita, M., Suzuki, K., . . . Shibata, S. (2019). Effects of increased daily physical activity on mental health and depression biomarkers in postmenopausal women. J Phys Ther Sci, 31(4), 408-413. doi:10.1589/jpts.31.408

Villaverde Gutiérrez, C., Torres Luque, G., Ábalos Medina, G., Argente del Castillo, M., Guisado, I., Guisado Barrilao, R., & Ramírez Rodrigo, J. (2012). Influence of exercise on mood in postmenopausal women. J Clin Nurs, 21(7-8), 923-928. doi:10.1111/j.1365- 2702.2011.03972.x

Gomes, A., Ramos, S., Ferreira, A., Montalvão, J., Ribeiro, I., & Lima, F. (2019). A efetividade do exercício físico no tratamento da depressão. Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental(22), 58-64. 

Hu, L., Zhu, L., Lyu, J., Zhu, W., Xu, Y., & Yang, L. (2017). Benefits of Walking on Menopausal Symptoms and Mental Health Outcomes among Chinese Postmenopausal Women. International Journal of Gerontology, 11(3), 166-170. doi:https://doi.org/10.1016/j.ijge.2016.08.002

Meyer, J., Koltyn, K., Stegner, A., Kim, J., & Cook, D. (2016). Influence of Exercise Intensity for Improving Depressed Mood in Depression: A Dose-Response Study. Behav Ther, 47(4), 527-537. doi:10.1016/j.beth.2016.04.003 

Knapen, J., Vancampfort, D., Morien, Y., & Marchal, Y. (2015). Exercise therapy improves both mental and physical health in patients with major depression. Disabil Rehabil, 37(16), 1490-1495. doi:10.3109/09638288.2014.972579

 

Psicomotricidade ON, Todos os direitos reservados 2021
Desenvolvido por Webnode
Crie o seu site grátis! Este site foi criado com a Webnode. Crie o seu gratuitamente agora! Comece agora