Saúde Mental - Depressão

A Depressão

"A saúde é um completo bem-estar físico, mental e social e não a simples ausência de doença ou enfermidade" (WHO, 2017). A prevalência das perturbações mentais é cada vez maior, assim como as comorbilidades associadas (Gomes et al., 2019). 

A depressão é uma perturbação mental que se caracteriza pela existência de um humor deprimido e por múltiplos sintomas emocionais, cognitivos, físicos e comportamentais (Knapen, Vancampfort, Morien, & Marchal, 2015).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão é uma perturbação mental comum em todo o mundo, sendo que, afeta mais mulheres do que homens (WHO, 2020). Dados disponibilizados pela OMS, referem que existem cerca de 300 milhões de indivíduos diagnosticados com depressão, ou seja 4,4% da população a um nível global (WHO,2017).  

A literatura defende que os nossos comportamentos, nomeadamente os comportamentos modificáveis podem ser um fator de risco para desenvolver perturbações mentais comuns como é o caso da depressão. A má alimentação e a inatividade física podem influenciar as várias vias fisiológicas associadas a esta perturbação (Knapen et al., 2015).

A depressão pode afetar pessoas de diferentes faixas etárias e extratos sociais, no entanto o risco de a desenvolver aumenta com a pobreza, desemprego, patologias físicas, problemas de adição, eventos de vida como a perda de um familiar, por exemplo.  

Critérios de Diagnóstico segundo o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V) 

Segundo o DSM-V, os critérios de diagnóstico da depressão são os seguintes: 

A. Cinco (ou mais) dos seguintes sintomas estiveram presentes durante o mesmo período de duas semanas e representam uma mudança em relação ao funcionamento anterior; pelo menos um dos sintomas (1) humor deprimido ou (2) perda de interesse ou prazer. 

1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, conforme indicado por relato subjetivo (por exemplo: sente-se triste, vazio, sem esperança) ou por observação feita por outras pessoas (por exemplo: parece choroso). 

2. Acentuada diminuição do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias (indicada por relato subjetivo ou observação feita por outras pessoas). 

3. Perda ou ganho significativo de peso sem estar a fazer dieta (por exemplo uma alteração de mais de 5% do peso corporal em um mês), ou redução ou aumento do apetite quase todos os dias. 

4. Insónia ou hipersónia quase todos os dias.

5. Agitação ou lentificação psicomotora quase todos os dias (observáveis por outras pessoas, não meramente sensações subjetivas de inquietação ou de estar mais lento).

6. Fadiga ou perda de energia quase todos os dias.

7. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada (que podem ser delirantes) quase todos os dias (não meramente autorrecriminação ou culpa por estar doente). 

8. Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão, quase todos os dias (por relato subjetivo ou observação feita por outras pessoas). 

9. Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um plano específico, uma tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio. 

B. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. 

C. O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância ou a outra condição médica. 

D. A ocorrência do episódio depressivo maior não é mais bem explicada por transtorno esquizoafetivo, esquizofrenia, perturbação esquizofreniforme, transtorno delirante, outro transtorno do espectro da esquizofrenia e outro transtorno psicótico especificado ou transtorno da esquizofrenia e outro transtorno psicótico não especificado. 

E. Nunca houve um episódio maníaco ou um episódio hipomaníaco (American Psychiatric Association, 2017). 

O DSM -V (2017), refere que a gravidade de depressão pode ser classificada em ligeira, moderada e grave, sendo que a ligeira implica 5 ou mais sintomas, afetando de forma mínima a funcionalidade do indivíduo, a moderada afeta a funcionalidade de forma intermédia, entre o leve e o grave, e na depressão grave, os indivíduos apresentam a maioria dos sintomas descritos acima, podendo ainda apresentar sintomas psicóticos (Knapen et al., 2015). 

A Depressão em números

Fonte: Ministério da Saúde (2018), Retrato da Saúde, Portugal.

Em Portugal a depressão é umas das principais causas de morbilidade tanto em homem como em mulheres, no entanto parece que as mulheres são as mais afetadas. Entre os 15-49 anos é a terceira causa de morbilidade, entre os 50 e os 60 anos (geralmente período em que que as mulheres entram na menopausa) é a segunda causa de morbilidade e a quarta causa em idades iguais ou superiores a 70 anos. Em relação aos homens a depressão é, de uma forma geral, a quarta causa de morbilidade. 

A depressão é uma das principais causas de morte por suicídio em todo o mundo (estima-se que existem aproximadamente 800 mil mortes por ano).

O tratamento para a depressão é geralmente farmacológico e acompanhado de apoio psicológico. Agora...para refletir....Será que a atividade física e a psicomotricidade têm influência na melhoria da depressão? Abordaremos essa questão num próximo artigo! :) Acham boa ideia? 

Referências Bibliográficas

American Psychiatric Association. (2017) Manual de diagnóstico e estatístico de transtornos mentais.(DSM-5).Lisboa: Climepsi Editors.

Gomes, A., Ramos, S., Ferreira, A., Montalvão, J., Ribeiro, I., & Lima, F. (2019). A efetividade do exercício físico no tratamento da depressão. Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental(22), 58-64.

Knapen, J., Vancampfort, D., Morien, Y., & Marchal, Y. (2015). Exercise therapy improves both mental and physical health in patients with major depression. Disabil Rehabil, 37(16), 1490-1495. doi:10.3109/09638288.2014.972579.

World Health Organization. (2017). Depression and other common mental disorders: global health estimates.

World Health Organization (2020)."Depression".

Ministério da Saúde (2018), Retrato da Saúde, Portugal.